Psicomotricidade Infantil: Como Pode Ajudar no Desenvolvimento do Seu Filho?

Muitas crianças enfrentam dificuldades no desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social, o que pode afetar a forma como aprendem, brincam, se expressam e se relacionam com o mundo que as rodeia. A Psicomotricidade Infantil pode ser um aliado fundamental para apoiar a criança a ultrapassar essas barreiras, promovendo um desenvolvimento global mais harmonioso e saudável.

Mas o que envolve este processo e de que forma pode beneficiar o seu filho?

Neste artigo iremos abordar os seguintes pontos:

• O que é a intervenção psicomotora;
• Quais as principais áreas de intervenção da psicomotricidade;
• Quando procurar a ajuda de um psicomotricista.

O Que É a Psicomotricidade?

A Psicomotricidade, também conhecida como Terapia Psicomotora, é uma intervenção terapêutica que apoia o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social da criança e do adolescente. Através do corpo e do movimento, ajuda a regular o comportamento, a facilitar a aprendizagem e a promover a autonomia.

Desde o primeiro dia de vida, o corpo é a principal forma de comunicação da criança com o mundo. Antes mesmo de falar, ela expressa-se através do gesto, do olhar, da postura e do movimento, transmitindo o que sente, o que precisa e como se relaciona com os outros.

 Podemos imaginar o corpo como um verdadeiro “registo vivo” das experiências: nele ficam marcados os movimentos aprendidos, as emoções sentidas, os momentos de prazer e até as situações de desconforto. É também no corpo em ação – no movimento e no brincar – que a criança constrói aprendizagens, descobre o espaço que a rodeia, interage com os outros e se reconhece a si própria. À medida que cresce, a criança vai ganhando maior consciência de si e do seu corpo, aprendendo a controlá-lo e a agir de forma mais intencional. Esta ligação entre corpo e mente é essencial para um desenvolvimento saudável.

Contudo, muitas crianças e adolescentes têm dificuldade em colocar em palavras o que sentem. Nessas situações, o corpo “fala” por eles, através de comportamentos de maior agitação (ex.: inquietação, impulsividade, agressividade – as temidas birras) ou de maior inibição (ex.: retraimento, dificuldades de expressão, bloqueios). É exatamente nestes casos que a Intervenção Psicomotora assume um papel fundamental, permitindo que a criança encontre no movimento e no jogo um meio de se expressar, organizar e crescer.

Na prática, o psicomotricista recorre a ferramentas como o jogo psicomotor, as técnicas expressivas, o relaxamento e os exercícios de consciência corporal, sempre adaptados às necessidades de cada pessoa.

Três Âmbitos da Intervenção Psicomotora 

A atuação psicomotora pode acontecer em diferentes contextos e com diferentes objetivos, organizando-se em três grandes âmbitos:

• Preventivo – procura antecipar possíveis dificuldades psicomotoras, promovendo um desenvolvimento harmonioso desde cedo. Atua sobretudo nos primeiros anos de vida, ajudando na deteção precoce de alterações motoras, emocionais ou cognitivas.
• Educativo – centra-se no contexto escolar, em articulação com educadores e professores, integrando atividades psicomotoras que apoiam o processo de ensino-aprendizagem e potenciam as capacidades das crianças;
• Reeducativo ou terapêutico – foca-se em crianças, adolescentes ou adultos que já apresentam dificuldades psicomotoras. O objetivo é favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional, ajudando a superar dificuldades específicas e a melhorar a adaptação ao meio.

Consulte a Página da Especialidade de Psicomotricidade Infantil para mais informações, esclarecimento de dúvidas e marcação de consultas.

Quais as Principais Áreas de Intervenção da Psicomotricidade?

Dificuldades na regulação emocional e do comportamento

Através de:

• Agitação ou inibição psicomotora.
• Comportamento impulsivo e/ou agressivo.
• Dificuldades na comunicação e expressão emocional.
• Problemas nas competências sociais e na relação com os outros.
• Baixa tolerância à frustração.
• Baixa autoestima e autoconceito.
• Sintomas de ansiedade.
• Alterações da imagem corporal.
• Dificuldades na coordenação motora.
• Dificuldades de aprendizagem.

Perturbações do Neurodesenvolvimento e Alterações do Desenvolvimento Psicomotor

Tais como:

• Atraso global do desenvolvimento.
• Perturbação do Espectro do Autismo (PEA).
• Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).
• Descoordenação e dispraxia motora.
• Dificuldades ao nível da tonicidade e controlo postural, equilíbrio, lateralidade, organização espacial e temporal, noção e esquema corporal, motricidade global e fina.
• Dificuldades de aprendizagem específicas.
• Défice cognitivo

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Sinais que Podem Indicar a Necessidade de Terapia Psicomotora

Dos 0 aos 6 meses: poucos movimentos espontâneos (parece “molinho” ou muito rígido); não sustenta a cabeça; não segue objetos ou pessoas com o olhar.

Dos 6 aos 12 meses: não se senta sem apoio; não estende os braços para pegar objetos; não rola, não gatinhe ou não tenta deslocar-se; dificuldade em usar as mãos de forma coordenada (ex.: não passa brinquedos de uma mão para a outra).

Dos 12 aos 18 meses: não anda com apoio ou de forma independente; cai com muita frequência ao tentar deslocar-se; movimentos muito descoordenados ou rígidos; não explora o espaço ao seu redor através do movimento.

Dos 18 aos 24 meses: dificuldades em subir degraus, correr ou chutar uma bola; movimentos pouco equilibrados ou muito desajeitados; não usa ambas as mãos de forma coordenada (ex.: segurar brinquedos); pouca curiosidade em explorar através do corpo e do brincar.

Dos 2 aos 3 anos: dificuldade em empilhar blocos, encaixar peças simples ou usar talheres; não reconhece bem as partes do corpo; problemas em imitar gestos e movimentos simples; dificuldade em manter-se sentado em atividades curtas.

Dos 3 aos 4 anos: dificuldade em correr, saltar ou apanhar uma bola; descoordenação ao usar lápis, pincéis ou tesoura; não distingue bem direita/esquerda; dificuldade em organizar jogos de movimento (ex.: seguir regras simples de corrida ou dança).

Dos 4 aos 5 anos: problemas de equilíbrio (ex.: dificuldade em andar numa linha ou em pé num só pé); movimentos pouco precisos ao desenhar ou construir; não reconhece ou usa noção de espaço (ex.: dentro/fora, em cima/em baixo); dificuldade em acompanhar ritmos simples (palmas, canções com gestos).

Dos 5 aos 6 anos: dificuldade em realizar tarefas de motricidade fina (ex.: abotoar roupa, cortar com tesoura); problemas em organizar-se no espaço da sala ou do recreio; movimentos descoordenados em atividades de grupo; persistência de atrasos em relação a marcos motores importantes (equilíbrio, lateralidade, coordenação).

Dos 7 aos 10 anos: quedas frequentes ou movimentos desajeitados; letra pouco legível, escrita lenta e com muito esforço; dificuldade em tarefas como cortar com tesoura; problemas em compreender noções de espaço (esquerda/direita, em cima/embaixo, frente/trás); confusão na orientação no caderno (escrever fora das margens, inverter letras/números); dificuldade em manter a atenção em atividades motoras ou escolares; dificuldade em estruturar o pensamento, planear ou seguir uma sequência de passos; baixa tolerância à frustração (desiste facilmente das tarefas); dificuldade em controlar a impulsividade ou, pelo contrário, excesso de inibição.

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Psicomotricidade Infantil: Como Pode Ajudar no Desenvolvimento do seu Filho – Pontos Essenciais a Reter

A Psicomotricidade Infantil não é apenas “trabalhar o corpo” – é uma terapia que olha para a pessoa como um todo, integrando movimento, pensamento e emoção. Através do jogo, do brincar e da expressão corporal, a criança ou o adolescente encontra formas mais saudáveis de se expressar, aprender e relacionar-se com os outros e com o mundo. Procurar apoio psicomotor pode ser o passo certo para promover o equilíbrio emocional, a confiança, a autonomia e o bem-estar, ajudando cada criança a crescer de forma mais harmoniosa e feliz.

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