Respiração Oral em Crianças: Causas, Consequências e o Papel da Terapia da Fala
A respiração oral é um hábito mais comum do que imaginamos nas crianças e pode causar alterações na fala e inclusive levar a dificuldades ao nível da atenção, memória e aprendizagem. O terapeuta da fala é fundamental para identificar precocemente estes casos, orientar a família e trabalhar a função da respiração, minimizando os impactos no desenvolvimento infantil.
Neste artigo iremos abordar os seguintes pontos:
- O que causa a respiração pela boca;
- Quais são os principais sinais da Respiração Oral;
- Quais os impactos da Respiração Oral;
- Como pode a Terapia da Fala ajudar
O Que Causa a Respiração Pela Boca?
A respiração nasal, padrão de respiração ideal, permite o aquecimento, filtração e humedecimento do ar antes deste chegar aos pulmões. Quando ocorre alguma complicação que dificulte a passagem de ar pelo nariz, a respiração passa a fazer-se pela boca.
A criança pode respirar pela boca devido a uma obstrução estrutural (ex.: amígdalas e adenóides hipetrofiadas, desvio do septo nasal, pólipos nasais) ou por causas não estruturais, ou seja, apesar de não haver nenhuma alteração nas estruturas, apresentam uma respiração inadequada (ex.:uso de chupeta ou biberão prolongados, sucção digital prolongada, edemas transitórios da mucosa nasal).
Considera-se que a respiração é predominantemente oral quando este tipo de respiração prevalece durante, pelo menos, seis meses, tanto em esforço como em repouso.
Quais São os Principais Sinais da Respiração Oral?
A respiração pela boca pode ser identificada através de diversos sinais. Se suspeita que este é o caso da sua criança, deve estar atento a características como:
- Lábios constantemente entreabertos;
- Sono agitado (roncos, grande movimentação do corpo, transpiração excessiva, despertares noturnos);
- Presença de baba na almofada;
- Ar cansado;
- Olheiras;
- Narinas estreitas;
- Mastigar de boca aberta;
- Dificuldade em produzir alguns sons;
- Bruxismo diurno e/ou noturno (ranger dos dentes).
Quais os Impactos da Respiração Oral?
Respirar pela boca pode impactar a criança aos mais diversos níveis. O ar que chega aos pulmões sem passar pelo nariz não é filtrado, o que pode aumentar o risco de surgimento de doenças respiratórias.
Para além disso, para que o ar possa circular pela boca durante a respiração, a posição de repouso da língua altera, ficando mais baixa. Este tipo de adaptação pode provocar desequilíbrios nos músculos e estruturas faciais da criança, comprometendo o seu normal crescimento.
Os ouvidos e o nariz estão ligados e a limpeza dos canais auditivos dá-se aquando da passagem de ar pelo nariz. Uma criança com respiração oral tem um risco aumentado de obstrução dos canais auditivos, por acumulação de cera. Isto pode levar a perdas de audição temporárias ou permanentes e otites recorrentes.
A respiração pela boca afeta, muitas vezes, a qualidade de sono da criança, fazendo com que esta se sinta cansada, sonolenta e menos ativa. Isto conduz, muitas vezes, a alterações no seu desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem na escola.
Esta falta de descanso pode também trazer alterações comportamentais e emocionais. As crianças com respiração oral mostram-se inquietas, ansiosas, impacientes, irritáveis, menos tolerantes e mais facilmente frustradas. Em conjunto com a terapia da fala, para crianças que apresentem estes sintomas de forma muito acentuada, pode ser importante conjugar as sessões com apoio psicológico. Saiba mais sobre as consultas de psicologia na Vaz Nobre, aqui.
São também bastante visíveis alterações faciais estéticas nestas crianças. Elas apresentam uma face mais alongada com falta de força, olheiras, narinas estreitas e lábios constantemente entreabertos, muitas vezes gretados.
A respiração oral pode também provocar problemas nutricionais que surgem pela dificuldade na trituração dos alimentos. Crianças que respiram pela boca podem não mastigar eficazmente ao associarem esse processo a sensações de sufoco/ desconforto. Elas tendem a ter uma maior seletividade alimentar, perdendo, muitas vezes, a vontade de comer.
Estratégias de Intervenção na Respiração Oral – Como pode a Terapia da Fala Ajudar?

Uma das principais estratégias usadas para mitigar os problemas causados pela respiração oral em crianças é a terapia miofuncional. Esta terapia consiste na adequação da respiração nasal, através de exercícios que promovam a permeabilidade nasal, a força e o equilíbrio dos músculos orofaciais e o controlo motor oral.
Um aspeto muito importante desta terapia é o envolvimento dos pais, que são orientados de forma a poderem aplicar as mais diversas técnicas em casa. Através de exercícios simples, mas eficazes, é possível manter a criança motivada e divertida durante o processo.
Para além da terapia miofuncional existem certas práticas que podem prevenir o aparecimento de alguns dos problemas associados à respiração oral. Algumas delas incluem evitar o uso prolongado de chupeta ou biberão e promover lavagens nasais diárias com uma unidose de soro (apenas para humedecer e limpar o nariz).
As alterações causadas pela respiração oral nem sempre desaparecem sozinhas, por isso é muito importante identificar o problema o mais cedo possível. Quanto mais cedo for feito o acompanhamento, maiores são as hipóteses de sucesso no tratamento.
A terapia da fala pode ter um papel essencial na promoção de uma melhor qualidade de vida das crianças com respiração oral.
Em que situações faz sentido procurar um terapeuta da fala? Saiba mais neste artigo.
Respiração Oral em Crianças: Pontos Essenciais a Reter
A respiração nasal é essencial para a saúde e o desenvolvimento harmonioso da criança. Quando substituída pela respiração oral, podem surgir várias alterações que afetam não só o rosto e a boca, mas também o sono, a fala, a postura e até a capacidade de aprendizagem.
Nem todas as crianças respiradoras orais terão todas estas consequências, mas a atenção e vigilância dos pais faz toda a diferença.
Ao notar sinais de respiração oral, o ideal é procurar ajuda o quanto antes. Um acompanhamento precoce, feito por uma equipa multidisciplinar — que pode incluir médico, dentista, terapeuta da fala e outros profissionais — aumenta significativamente as hipóteses de sucesso no tratamento e no bem-estar da criança.
Estar atento é o primeiro passo para cuidar melhor.
Ficou Com Dúvidas? Esclareça-as Com um dos Nossos Terapeutas da Fala
Na Vaz Nobre Clínica estamos preparados para auxiliar todas as crianças que apresentem distúrbios associados à respiração oral, nomeadamente, através de uma avaliação e intervenção criteriosas, personalizadas e detalhadas, com articulação constante entre os Terapeutas da Fala, o Otorrinolaringolista e os Pediatras da equipa. Sempre que necessário, as crianças são encaminhadas para outros profissionais, como o Dentista.
Tire as suas dúvidas ou agende uma consulta na nossa clínica de Odivelas ou na nossa clínica de Belas, através dos links abaixo.